Na lida desde 2014, A Olívia vem provando que o rock brasileiro ainda tem espaço para o humor, a poesia e uma boa dose de autocrítica. Formada em São Paulo, a banda surgiu com o álbum de estreia Jardineiros de Concreto, trabalho que colocou o grupo no radar da crítica especializada e entre os “Melhores Álbuns Brasileiros de 2017” segundo o portal Minuto Indie.

De lá pra cá, vieram os EPs Input e Output, que funcionam como lados de um mesmo experimento sonoro, e o ousado Selva Rock Brasileira (2024), onde a banda assumiu de vez sua identidade híbrida: um cruzamento entre o lirismo indie, o peso alternativo e o olhar urbano que observa o mundo com ironia e afeto.

Em 2025, A Olívia lançou seu segundo álbum completo, Obrigado Por Perguntar, um disco que sintetiza essa trajetória com maturidade e humor fino. As letras tratam do esgotamento digital, das contradições da vida moderna e da eterna busca por sentido, temas que ganham corpo em canções como “Entretenimento”, “Nem debaixo de tiro” e “Insustentável”. O resultado é um trabalho que soa contemporâneo sem abrir mão da melodia, nem da alma que fez do rock um gênero de resistência.

Produzido de forma independente, o álbum reafirma o espírito DIY da banda, que já se apresentou em casas icônicas como o Talk Marine Hall (SP), Audio Rebel (RJ) e Underground Black Pub (BH). Em 2025, a turnê do novo disco levou o grupo pela primeira vez a Brasília, onde o público caloroso transformou o show em uma celebração — e a banda prometeu voltar.

Entre riffs melódicos e sintetizadores atmosféricos, A Olívia construiu uma sonoridade que conversa com nomes do indie britânico e da nova MPB, sem perder o sotaque das ruas paulistanas. É um rock que sabe rir de si mesmo, mas fala sério quando o assunto é arte.

Se o título do novo álbum soa como uma resposta, o som da Olívia é a pergunta que continua ecoando: como ser leve em tempos pesados?
A banda talvez não tenha a resposta definitiva, mas, pelo menos, teve a elegância de agradecer por perguntar.