Dândi: entre varandas, lados B e a beleza imperfeita da vida real
- Natália Benevides

- 16 de out.
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Atualizado: 17 de out.
Por Natália Benevides, 16/10/2025 às 09:40

Prepare o fone de ouvido e a agenda, porque o músico Dândi, cria da Zona Oeste do Rio de Janeiro, está em um momento de pura efervescência criativa e circulação. Artista independente de carteirinha, ele não apenas lança singles que geram "pedrada" na audiência, mas também prova que o investimento em cultura é o gás que faltava para seu projeto visual conquistar o palco fluminense.
A Trajetória Independente de Dândi
Vamos começar pelo início, porque toda boa história tem raízes. Dândi lançou seu primeiro álbum, Cosmopolita, lá em 2016, nessa época ele assinava como Daniel Cruz e já mostrou que veio para ficar.

O disco abriu portas para festivais como o de Música e Cultura de Rua de Bangu e o ECO 2017 – Shows pra Ver de Perto, além de um bate-papo descontraído no programa Conversa Fiada da Rádio Bangu FM 96.9.
Não parou por aí: ele participou de duas edições do Festival de Música no Teatro Municipal Ziembinski, o que rendeu o maior desafio da sua carreira até então: montar o espetáculo musical Querido, Eu em 2018, com trilha sonora ao vivo baseada no Cosmopolita.
O sucesso foi tanto que ganhou uma segunda temporada em 2019. Quem diria que um cara da Zona Oeste ia virar sensação teatral? É o poder da independência, gente!

Aí veio a pandemia, aquela vilã que pausou o mundo, mas Dândi não é de ficar parado. Em 2022, ele voltou com Lado B, um álbum que cutuca aquela ferida aberta das redes sociais: a vida perfeita que todo mundo posta versus a bagunça real que a gente vive.
"Vivemos numa era que todos tentam provar e postar que sua vida é perfeita"

O álbum é uma provocação deliciosa, comparando o "lado B" dos vinis, aquelas faixas experimentais e autênticas, com a essência que escondemos atrás dos filtros. E não é só áudio: tem um filme completo no YouTube, entrelaçando clipes e cenas para uma reflexão profunda. Tipo, será que estamos vivendo mentiras o tempo todo? Pesado, mas com ritmo!

Agora, em 2025, Lado B ganha asas novas com o projeto Lado B - Um Show Visual, uma performance inovadora que mistura música, tecnologia e narrativa visual. O Lado B Show Visual é uma experiência completa, um convite à imersão em um universo onde música, tecnologia e emoção se encontram. Dirigido em parceria com Rohan Baruck, o show usa projeções mapeadas para criar cenários dinâmicos e interativos, explorando elementos cinematográficos que dialogam com o espaço e o ritmo.
São 15 músicas, incluindo o álbum completo, faixas do Cosmopolita e releituras que se conectam à temática. E o melhor? Tudo isso graças ao edital Sesc Pulsar, que contemplou Dândi e está levando o espetáculo para quatro unidades do Sesc no Rio. É o exemplo perfeito de como investimentos em políticas públicas podem impulsionar artistas independentes, dando espaço para quem não tem o backing das majors. Sem isso, quantos talentos como Dândi ficariam na varanda, esperando o reconhecimento cair do céu?

A estreia rolou no dia 30 de agosto no Sesc Teresópolis, e foi um sucesso estrondoso, como ele mesmo postou nas redes: "Teresópolis nos recebeu de braços abertos!". Ele ainda se apresentou em 13 de setembro na Areninha Cultural Hermeto Pascoal, em Bangu, abrindo a noite para Adil Franco, que cantou clássicos de Cássia Eller.

E a turnê continua: marque aí na agenda para não virar meme de "esqueci o show":
Dia 8 de novembro no Sesc Nova Iguaçu (às 19h),
22 de novembro no Sesc Madureira (às 15h) e
28 de novembro no Sesc Nova Friburgo (às 20h). Preços acessíveis, de R$5 a R$15, e grátis para alguns públicos – porque cultura tem que ser para todos, né? Bora se organizar e ir, porque quem sabe se sua vida real não ganha um upgrade com essa dose de arte?

Mas espera, tem mais! O último lançamento de Dândi, o single Varanda, é uma verdadeira joia que chegou em 26 de julho – não por acaso, o Dia dos Avós. "Nossos ancestrais plantaram. Nós colhemos", reflete a música, trazendo à tona memórias, saudade e a importância das gerações passadas.
Composta por Dândi com ajuda de Viella nas referências, percussão de Yroxe e capa fotografada por Gérsica, a faixa é um afago com cheiro de café passado e bolo na mesa. Os fãs piraram, um deles mandou um áudio muito louco falando: "Uma pedrada!", "Poesia pura!", "Já ouvi três vezes no carro indo pra casa!". O cara é poesia pura.
Quase mil streams em poucos dias - e contando! É o tipo de som que te faz parar, refletir e apertar o repeat. Dândi confessa que teve medo de ficar muito pessoal, mas os retornos mostraram que tocou universalmente. Parabéns, Dândi, você acertou em cheio!

Em tempos de algoritmos e lives perfeitas, Dândi nos lembra que a autenticidade vence. Seu trajeto como independente, apoiado por editais como o Sesc Pulsar, destaca a urgência de políticas públicas que invistam em cultura. Sem elas, artistas como ele poderiam ficar no "lado B" da vida. Então, ouça Varanda, assista ao filme de Lado B no YouTube e corra para os shows, acredite em mim, sua alma vai agradecer, e quem sabe você não sai de lá postando a vida real, sem filtros? Imperdível, entusiástico e hilariantemente verdadeiro!
Veja o clipe oficial de "Lado B":
Direção: Rohan Baruck
Assistente: Juliana Velasco
Imagens: Rohan Baruck
Edição: Rohan Baruck
Produção: Curtas Produções
Elenco: Juliana Velasco e Rafa Domi
Letra:
Moda, Carro, bicicleta, brilho, comentário e ação
Internet, fake, rede, lacra, vlog, religião
Passa tempo, muito tempo como poderei evitar
Minha mente não controla tenho que fazer pra postar
Não atura, credo, carta, vício, medo, importa a impressão
Todos têm que estar de acordo com a minha opinião
Não tolero nenhum dia sem curtir ou mesmo postar
Tudo, todo, tudo o que eu faço o mundo vai invejar
Refrão
O que está por dentro vai saber
Eu tento disfarçar pra ver se eu saio do lugar
Me mostrar é o mesmo que esconder
Pois tudo o que eu preciso é de alguém pra abraçar
Sempre que me pego vendo foto eu não consigo evitar
Tudo que aparece no meu feed eu tenho que copiar
E se a foto tem 10 likes, pouco vou correndo apagar
Mas se a moda estoura e todos seguem
Quem sou eu pra evitar
Refrão
O que está, por dentro é o lado B
Que eu tento disfarçar
Pra ver se eu saio do lugar
Me mostrar é o mesmo que esconder
Pois tudo o que eu preciso é de alguém pra abraçar

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