Festival Vaca Brava: O Rock Independente nas Montanhas Místicas de São Thomé das Letras
- Tião Folk
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Por Tião Folk, 22/11/2025

São Thomé das Letras (MG), famosa por sua aura esotérica e paisagens grandiosas, vai entrar para a história do rock nacional. O Festival Vaca Brava Rock promete sacudir os alicerces da cena independente.
Imagine um mar de guitarras distorcidas ecoando contra picos rochosos, onde o rock cru se funde com lendas de OVNIs e portais dimensionais. É isso que o Festival Vaca Brava Rock promete invocar nos dias 13 e 14 de dezembro de 2025, no coração de São Thomé das Letras. Com uma procura de mais de 1.500 bandas de todo o Brasil, apenas 11 foram selecionadas para esse embate de dois dias – um filtro impiedoso que separa o joio do trigo na cena independente. Gratuito, acessível a partir das 16h no sábado e 14h no domingo, o evento não é só uma maratona de shows: é uma declaração de que o rock brasileiro, esse bicho selvagem e subfinanciado, ainda tem presas afiadas o suficiente para mover montanhas.
E para saber detalhes exclusivos desse evento, fomos direto na fonte: Marcos Abreu, diretor da Rádio Vaca Brava Rock, idealizador e organizador do evento, alguém que realmente entende as demandas do mercado de música independente no Brasil.

Perguntamos a ele por que São Thomé da Letras. Resposta direta:
“A cidade tem uma energia mística que é difícil explicar, tem que viver a experiência! São Thomé das Letras é cercada de cachoeiras, tem excelente infraestrutura turística e, toda vez que estive lá, fui muito bem acolhido. É uma cidade convidativa para a música, para o rock, e fica a menos de 400 km das três maiores capitais do país – RJ, SP e BH. Isso facilita demais a vida de bandas autorais desses estados.”
E realmente São Thomé das Letras não foi escolhida à toa. Erguida a cerca de 1.440 metros de altitude, essa joia encravada na Serra da Mantiqueira, atrai não apenas turistas, mas místicos, artistas e buscadores de energia. Localizada a cerca de 350 km de São Paulo, 340 km do Rio de Janeiro e 310 km de Belo Horizonte, é o epicentro da cultura alternativa nacional.
Um hub para hippies remanescentes, artistas errantes e caçadores de energias cósmicas, a cidade exala um misticismo que beira o controverso: lendas de bases alienígenas nas grutas, cristais que curam (ou iludem), e uma aura de "terceiro olho aberto" que atrai tanto buscadores espirituais quanto céticos prontos para desmascarar o circo.

Suas belezas naturais são de cair o queixo: cachoeiras como a do Véu da Noiva, que despenca em véus esmeralda; trilhas sinuosas pela Mata Atlântica, repletas de formações rochosas que parecem esculpidas por deuses preguiçosos; e o Pico da Pirâmide, uma montanha icônica cuja silhueta piramidal evoca antigas civilizações, frequentemente eleita entre as mais belas do mundo por sua geometria surreal e vistas panorâmicas que se estendem até o horizonte enevoado. É um lugar onde a natureza não só inspira, mas conspira: energias positivas que energizam uns, mas controversas o suficiente para fazer outros questionarem se o que sentem é euforia ou altitude.
Em seguida questionamos o Marcos Abreu o porquê de ele ter escolhido fazer um evento dessa magnitude num local fechado, como o Velhote Rock Bar.
"O Velhote Rock Bar tem localização privilegiada. A varanda do segundo andar vira palco, a Pirâmide vira arquibancada e pista. Vai ser um verdadeiro Woodstock mineiro"

O palco? O segundo andar do Velhote Rock Bar, um ícone local que pulsa como o coração baterista dessa loucura. Do segundo andar, o público terá uma visão privilegiada da Pirâmide e das formações rochosas ao redor, criando uma conexão direta entre a música e o ambiente sagrado.
O setup transforma cada riff em um diálogo com a montanha. Imagine solos de guitarra ricocheteando nas encostas, enquanto o sol poente pinta o céu de tons psicodélicos. O Velhote é uma espécie de portal para o undergound, com paredes grafitadas por décadas de shows e uma vibe que grita autenticidade mineira.
Além disso, o fato do festival ser gratuito é uma declaração poderosa: é um gesto de democratização da arte, um convite para que qualquer pessoa, de rocker veterano a curioso místico, participe dessa fusão cultural.
O que o público pode esperar desse festival inédito? o Marcos Abreu responde:
“O melhor atendimento do Velhote, os melhores drinks e bandas incríveis. Quem for vai constatar uma verdade que repito há anos: o cenário autoral brasileiro é, sem dúvida, o melhor do mundo.”
É por isso que as 11 feras selecionadas são o crème de la crème do rock autoral brasileiro, um lineup que mistura garage rock sujo, psicodelia viajante e proto-punk brutal. No sábado (13/12), a fúria começa com TV República (que promete agitar com hinos de resistência urbana), Coyote Valvulado (trazendo o melhor do rock valvulado, cru e elétrico), Backside 180 (skate e som na veia), Professores no Rock (professores que lecionam lições de distorção) e Banda Bolor (psicodelia que funde Os Mutantes com free jazz, como se o tempo dobrasse no palco).
No domingo (14/12), a ressaca vira renascimento com Loo Felix e sua voz que corta como lâmina, Banda Meros Conhecidos (rock clássico reinventado para os meros mortais), Souto Maior (um crooner do caos, confirmando sua presença) e Vulgo Cerrado (sessão de jams que elevam o espírito, ou o que resta dele). Sem falar da Bipolar Noise, ampliando o espectro para ruídos bipolares que ecoam nas montanhas.
Realizado pela Rádio Vaca Brava Rock, com apoio da Revista Dissonância, da Secretaria de Turismo e Cultura de São Thomé das Letras, Pousada Maciel, Pousada dos Tucanos e Podcast Podgerais, o festival não é um Woodstock diluído, é um soco na boca do estômago da indústria, provando que o rock independente sobrevive sem holofotes corporativos.
Tantas bandas procurando pelo festival é um indicativo enfático: há fome por isso. Venha preparado para suar, gritar e talvez até vislumbrar um OVNI no after. Ou não. Mas uma coisa é certa: em São Thomé, o som não para na última nota, ele reverbera nas pedras, nas estrelas, e no que quer que more nessas colinas. Se você acha que festivais são só cerveja e camisetas, esse vai te mostrar o contrário. Marca na agenda, carrega a mochila e invade. O Brasil místico te espera. E se prepare porque, nos próximos anos, este evento vai se tornar um marco na rota dos festivais alternativos do Brasil.

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