Alan Pear é um desses artistas raros que parecem viver em estado de reflexão permanente. Sua música nasce de um olhar filosófico e poético sobre o mundo e sobre si mesmo. Com letras densas, cheias de camadas simbólicas, e uma sonoridade que transita entre o blues, o folk e o experimental, Alan se tornou uma das vozes mais originais da cena independente brasileira.

Seu mais recente trabalho, “Inter Ruptor EP”, é um mergulho profundo no ser. Um disco conceitual que dialoga com temas como ego, identidade, liberdade e tecnologia, atravessando quatro faixas que funcionam como capítulos de uma mesma jornada interior. Produzido de forma totalmente independente, “Inter Ruptor EP” reafirma a potência criativa de Alan Pear. Com uma voz peculiar e arranjos que fogem dos padrões, ele constrói paisagens sonoras intensas e imprevisíveis, mostrando que grandes obras podem nascer de pequenas estruturas, desde que impulsionadas por uma visão autêntica.

Nascido em Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa, Alan Pear traduz sua trajetória de vida em canção. Cantor, compositor e multiartista autodidata, ele começou a compor ainda criança, quando a curiosidade pelo som se misturava à paixão pelas palavras. Na adolescência dos anos 90, mergulhou no teatro, atuando, escrevendo e criando histórias, o que moldou sua sensibilidade e o olhar poético que hoje transparece em suas letras.

Antes de seguir carreira solo, Alan viveu intensamente o universo das bandas independentes. Fundou o duo Dolphins e, mais tarde, a banda Anemone, experiências que somaram mais de 15 anos de aprendizado, experimentações e gravações caseiras. Foram os primeiros laboratórios de um artista que aprendeu a fazer música de forma artesanal, guiado pela intuição e pela escuta atenta.

Sua discografia solo é um diário sonoro dessa jornada, um mosaico de fases, estilos e questionamentos. Em “Egoself”, Alan reflete sobre o ego e o autoconhecimento, tema que se aprofundaria mais tarde no conceitual “Inter Ruptor EP” (2025), uma obra que costura blues, folk e experimentação em um mergulho sobre identidade, amor e o impacto da tecnologia nas relações humanas.

Mas sua obra é ampla e eclética. Ele assina obras como “Sobre Botas”, “Sem par, Sem Bar”, “Rosa dos Ventos” e “Eu Quero o Real da Vida”, além de outras dezenas de canções marcantes, nas quais o compositor expõe sua busca por liberdade e autenticidade, sempre equilibrando introspecção e crítica social. Cada lançamento é uma nova camada da mesma inquietação: o desejo de compreender o mundo e o próprio papel do artista dentro dele.

Com uma voz peculiar e arranjos que fogem dos padrões, Alan Pear construiu uma discografia que se destaca pela coerência poética e pela coragem de ser honesto. Produzindo de forma totalmente independente, ele grava, edita e lança suas canções de forma autoral, provando que a verdadeira força da música está na autenticidade de quem a cria.

De Santa Rita para o mundo, Alan segue sua trajetória como quem escreve um livro aberto em acordes, um artista que faz da música um espelho do próprio ser.