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Alan Pear em Dissonância: entrevista exclusiva

Por Natália Benevides, 01/11/2025 às 08:25


Em uma conversa franca e reveladora com a Revista Dissonância, o cantor e compositor paraibano Alan Pear abre as portas do seu universo criativo e mergulha fundo no significado por trás do recém-lançado 'Inter Ruptor EP'. Da terapia que desvendou o "Egoself" à resistência superada em escrever sobre amor em "1976", passando pela crítica afiada à era dos algoritmos em "Tudo Que Eu Sei Está Errado", Alan destrincha, faixa por faixa, como transformou composições de duas décadas em um manifesto sonoro coeso, tudo isso sem gravadora, apenas com sua voz rouca, um home studio em Santa Rita (PB) e a liberdade radical de quem escolheu ser, acima de tudo, independente.


Dissonância: O que é EgoSelf?


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EgoselfAlan Pear

Alan Pear: Já foi mais confuso, sabe? Já foi mais complicado lidar com isso. Tem até um vídeo da época de Gláucio Souza, em que respondendo a uma pergunta dele, eu digo que não há uma diferença entre Aladdin e Alan Pear. Mas, com o tempo, eu acabei descobrindo essa outra camada de mim através do meu processo de terapia. O problema não está no pseudônimo em sim, não há nenhum problema com ele. O problema é a função que eu atribuí a ele, inconscientemente, claro. A letra parece até a morte do ego. “Ter que ir até o fim é ir longe demais, antes melhor partir para o céu dos ancestrais”, é quase como um desencarne do ego. A gente chega a vislumbrar isso. Mas não, a gente pode entender também como a conciliação entre essas duas instâncias do ser, do nosso ser. Então, Alan Pear, portanto, é só um nome. Egoself também foi lançada como single e é a música número 1, portanto, a música de abertura de “Inter Ruptor EP”.

 

Dissonância: De onde veio a inspiração para a faixa ‘Eu Quero o Real da Vida’ e como ela se conecta com suas composições anteriores, como ‘Sobre Botas’, por exemplo?”


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A inspiraçãoAlan Pear

Alan Pear: Primeiro que ela é prima de “Sobre Botas”. Porque aí quem se lembra de “Sobre Botas” é uma música minha lá do início da minha carreira e que tem uma levada de blues e ela, “Eu Quero o Real da Vida”, assim como “Tudo Que Eu Sei Está Errado”, tem uma levada de blues. Porque a proposta inicial desse EP era ser um álbum de blues, já que eu tenho muitas composições com levadas de blues. Dessa vez que não queria me apegar muito à forma, eu queria fugir da forma, das rimas, eu queria me superar nesse sentido. Eu queria que as palavras soassem mais livres, não só as palavras, mas os versos, mas que mesmo assim eles ainda soassem conectados. Eu dissertei praticamente quase que uma página inteira para poder entender sobre o que era essa música. Eu até trouxe um trechinho desse texto: “É, portanto, sobre se desencaixar, sobre inadaptação ao sistema, sobre ser você mesmo em meio a esse caos, sobre liberdade de ser, sobre nossas capacidades inatas e aptidão natural para a felicidade em uma vida de ócio criativo e capacidade de contemplar o belo da vida”. “Eu Quero O Real Da Vida” é a segunda faixa de “Inter Ruptor EP”, e eu não, não tenho data em que ela foi escrita.

 

Dissonância: Você finalmente lançou uma canção falando sobre amor, conta mais sobre a faixa “1976 (Uma Nova Canção de Amor)”:


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A Música de AmorALan Pear

Alan Pear: Era começo dos anos 2000, quando eu já escrevia letras. Então, a uma determinada altura, eu prestei atenção em mim mesmo e notei que havia uma resistência em escrever letras românticas, até um certo preconceito. Na verdade, um autopreconceito pelo fato de eu me relacionar com homens, certamente havia uma vergonha da minha parte em escrever letras românticas de acordo com a minha personalidade. Na verdade, acaba sendo bem pessoal, relacionar a minha então inabilidade para escrever letras de amor com o ano e época em que eu nasci. É uma canção, portanto, antiga também, data de 2003. Alguns versos foram reescritos, outros permaneceram como o original e ela já foi lançada como single. Alguns de vocês já conhecem. É a terceira faixa de “Inter Ruptor EP”.

 

Dissonância: ‘Tudo que Eu Sei Está Errado’ encerra o EP com uma reflexão forte sobre o nosso tempo. O que te inspirou a escrever essa faixa e o que ela representa dentro do contexto do ‘Inter Ruptor’?


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Tempos ModernosAlan Pear

Alan Pear: Minha maior ambição com "Tudo que Eu Sei Está Errado" foi um esforço de síntese, de síntese de um momento atual, uma tentativa de condensar fatos e fenômenos do ponto de vista da tecnologia, fenômenos atuais, do ponto de vista das mudanças de comportamentos dos fenômenos, costumes, por exemplo, que deixaram de existir e foram totalmente extinguidos. Comportamentos novos, inéditos surgiram ao longo desse tempo, comportamentos que já existiam foram ressignificados e continuam existindo, mas de uma outra forma. A gente atribui vida às máquinas como se elas tivessem vida própria; e os algoritmos, eles não gostam ou desgostam de alguma coisa. Quando eu digo “tudo que eu sei está errado”, porque rolaram novamente os dados, porque jogaram novamente os dados. Então não é a inteligência artificial que está jogando os dados, não é o algoritmo que está jogando as cartas, mas seres humanos por trás deles. É uma composição antiga, data de 2002. A letra foi reescrita para esse momento e ela encerra, ela é a última faixa de interruptor EP, sendo a quarta faixa do disco.


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