Augusto Licks reinventa o Rock Brasileiro e Inspira Artistas Independentes
- Tião Folk
- 5 de set.
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Atualizado: 6 de set.
Por Tião Folk, 05/09/2025 às 18:00

Em um cenário musical onde o rock nacional dos anos 1980 e 1990 ainda ecoa como um hino de rebeldia e reflexão, Augusto Licks surge como um símbolo de resiliência e inovação. Ex-guitarrista da banda Engenheiros do Hawaii, Licks não só marcou uma era com seus solos memoráveis e arranjos sofisticados, mas também pavimentou um caminho inspirador para artistas independentes, demonstrando que a carreira musical pode ser reinventada através de colaborações autênticas, projetos pessoais e uma conexão profunda com a história do rock nacional. Aos 69anos, possui uma trajetória artística, marcada por inovação, talento e resiliência, e segue em constante evolução, inspirando novos artistas independentes e fãs de todas as gerações.

Ele teve sua trajetória contada no livro Contrapontos, em 2019. Trata-se de uma biografia escrita por Silvia Remaso e Fabrício Mazocco, na qual se revela com profundidade a trajetória pessoal do guitarrista – desde sua infância no interior do Rio Grande do Sul até sua adolescência nos Estados Unidos, passando pela parceria com Nei Lisboa e seu marco na formação clássica dos Engenheiros do Hawaii (GLM). A obra se estrutura em duas “faces”: o Lado A, assinado por Remaso, mergulha nos primeiros passos de Licks, enquanto o Lado B, de Mazocco, expõe, pela primeira vez, o relato direto de Licks sobre sua entrada, contribuição e saída da banda, desconstruindo mitos e enxergando nuances humanas além da versão mais disseminada pela imprensa.

Nascido Augustinho Moacir Licks em 28 de maio de 1956, em Montenegro, no Rio Grande do Sul, em uma família humilde de imigrantes alemães com seis filhos, Augusto encontrou na música um refúgio e uma paixão precoce. Influenciado pelo irmão Rogério, que lhe ensinou os primeiros acordes no violão, ele viveu uma adolescência transformadora, incluindo um intercâmbio em Nova Iorque onde assistiu a shows de lendas como Bob Dylan, Sonny Terry e Brownie McGhee.
Essa exposição internacional moldou sua visão eclética, misturando rock, blues e influências brasileiras.

Antes de se juntar aos Engenheiros do Hawaii em 1987, Licks já havia construído uma trajetória sólida como músico colaborador, especialmente ao lado de Nei Lisboa, com quem trabalhou em álbuns como Pra Viajar no Cosmos Não Precisa Gasolina (1983), Noves Fora (1984) e Carecas da Jamaica (1987), co-criando faixas como a homônima do último disco.
Sua entrada na banda, formando o trio clássico GLM (Gessinger, Licks e Maltz) ao lado de Humberto Gessinger e Carlos Maltz, elevou os Engenheiros ao auge, com álbuns icônicos como A Revolta dos Dândis (1987) e O Papa é Pop (1990), vendendo milhões de cópias e realizando turnês internacionais.

A saída de Licks da banda em novembro de 1993 foi marcada por tensões internas, incluindo falta de comunicação direta, exclusão de decisões e um ambiente estressante que culminou em uma reunião onde ele descobriu a dissolução do grupo.

Longe dos holofotes, Licks reinventou-se como artista, explorando facetas menos conhecidas de sua criatividade, como participação de workshops, ou até a mesmo a produção de trilhas sonoras originais para filmes – um destaque é sua contribuição para o filme Queen of Knives, que já acumula prêmios internacionais. Essa transição exemplifica uma lição valiosa para artistas independentes: a diversificação de talentos pode ser a chave para a longevidade, transformando crises em oportunidades de crescimento pessoal e profissional.
Outro capítulo recente e emocionante na trajetória de Licks é o projeto Licks Blues, um recital instrumental realizado em conjunto com seu irmão, José Rogério Licks. Apresentado em espaços como a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul e o Theatro São Pedro, o recital resgatou duas “escolas” de violão em um formato conversado e intimista. Enquanto José Rogério apresentava sua criação singular, o “Morgumel”, além de músicas baseadas em poemas de Mario Quintana, Augusto mostrava um lado pouco conhecido por seus fãs, com instrumentais e surpresas cantadas

Hoje, Licks brilha em projetos atuais que celebram seu legado enquanto abrem portas para o novo. Um deles é a banda Engenheiros Sem Crea, uma homenagem aos Engenheiros do Hawaii formada por Sandro Trindade (baixo e voz) e Jeff Gomes (guitarra), que convidou Licks e Maltz para uma turnê nacional.

O ponto alto dessa fase foi o show de reunião em 21 de abril de 2024, no Bar Opinião, em Porto Alegre. Após 31 anos sem tocarem juntos, Licks e Maltz subiram ao palco com os Engenheiros Sem Crea, atraindo fãs de todas as partes do Brasil que viajaram para testemunhar o reencontro emocional. A noite foi descrita como "memorável e intensa", com o público misturando veteranos nostálgicos e jovens descobrindo a banda via internet, todos unidos pela felicidade de reviver o som clássico da GLM. Atualmente, Licks e Maltz adoram tocar juntos, superando as intempéries das décadas passadas, como as tensões que levaram à separação, agora vistas como um "lago límpido e calmo", como ele declarou na entrevista exclusiva para América Soul, aqui na Revista Dissonância. Os fãs agradecem por poderem ouvir novamente a banda em sua formação clássica, com solos icônicos e harmonias que capturam a essência do rock brasileiro.

O setlist revisita clássicos como "Somos Quem Podemos Ser", "Piano Bar" e "Infinita Highway", misturando nostalgia com frescor. Paralelamente, o trio Licks, Maltz com Sandro Trindade, representa uma formação intimista que prioriza a química musical e a interação com o público, com apresentações em cidades como Curitiba, Florianópolis, Brasília e Goiânia em 2024, e datas confirmadas para 2025, incluindo São Paulo em 8 de setembro.

Esses projetos, apoiados por produções independentes como a Abstratti, mostram como colaborações com bandas tributo podem revitalizar carreiras, incentivando artistas emergentes a buscarem parcerias criativas sem depender de grandes gravadoras.

Em entrevista exclusiva para a carismática América Soul da Revista Dissonância, Licks abriu o coração sobre sua trajetória. Ele detalhou sua história com Nei Lisboa, destacando como as parcerias dos anos 1980 moldaram sua visão de música colaborativa, e refletiu sobre sua época como jornalista em que trabalhou em rádios e onde teve seus primeiros contatos com o ambiente de estúdio.
Licks também falou sobre faces pouco conhecidas de seu trabalho, como gravar trilhas originais para filmes, incluindo Queen of Knives, uma experiência que expandiu seus horizontes criativos. Com emoção, descreveu o prazer de tocar novamente para os fãs, sentindo o quanto a energia do público é transformadora. E prometeu: "Ainda vem muita coisa nova por aí", com mais shows e talvez surpresas musicais. Os leitores podem conferir a entrevista completa no canal Dissonância no YouTube.
Para leitores da Revista Dissonância, em particular artistas independentes, a trajetória de Augusto Licks ressoa como inspiração. Sua jornada combina a persistência de um músico discreto mas talentoso, a coragem de revisitar dores do passado com honestidade narrada no Contrapontos, a alegria de reencontrar sua música com o público após décadas e, sobretudo, o vigor de continuar criando, experimentando novos formatos e expandindo sua expressão artística, mesmo após os altos e baixos.
Veja a entrevista exclusiva de Augusto Licks com nossa carismática América Soul:
Assista Engenheiros Sem Crea, com a performance do clássico Infinita Highway, no memorável show de reencontro entre Licks e Maltz:

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Parabens! Excelente entrevista com o Maestro Licks!