Nuna lança “Outro Lugar” e mostra que mudar faz parte do rock
- Jorge Murilo

- 1 de nov.
- 6 min de leitura
Por Jorge Murilo, 01/11/2025 às 08:20

Há quem diga que o punk morreu, mas a Nuna parece estar muito ocupada vivendo para ouvir esse tipo de fofoca. Depois de chutar a toxicidade porta afora em “Faz um Favor”, aquele hino de libertação produzido por ninguém menos que Tadeu Patolla (sim, o do Charlie Brown Jr.), a banda agora lança o clipe de “Outro Lugar”, um mergulho lírico e bem-humorado sobre recomeços, escolhas e o caos elegante de quem decide mudar tudo, inclusive de cenário.

Agora imagine uma banda que pega o punk pop dos anos 2000, joga uma pitada de emo dramático e tempera tudo com uma brasilidade irônica, como se estivesse dizendo: "Ei, vida, você é agridoce, mas vamos dançar mesmo assim", pois é, essa é a Nuna. Dirigido por Rodrigo Pysi e produzido por Tadeu Patolla, o vídeo é uma jornada visual de duas vidas colidindo, largando bagagens pelo caminho e mudando de endereço emocional. Com mais de 56 mil visualizações em poucas semanas, o clipe captura a essência da banda: letras profundas sobre buscas por paz ou movimento, embaladas em riffs que te fazem pular do sofá, mesmo que você esteja no modo "drama queen".

A história da Nuna é como um daqueles filmes adolescentes onde os heróis rebeldes salvam o dia com guitarras em vez de capas, mas com um twist humorístico que evita o clichê. Formada por Manu Fair (vocalista, com uma voz que alterna entre o doce e o soco na boca do estômago), Marcelo Ferrara (guitarra, o mestre das melodias viciantes), Nicko Farolli (baixo, ancorando o caos) e Sullivan (bateria, pulsando como um coração partido acelerado).

A banda surgiu das cinzas de Sem Meia, um nome que já soava como meia-idade precoce. A troca de nome de Sem Meia para Nuna não foi apenas uma jogada de marketing ou crise de identidade adolescente prolongada. Foi, na verdade, um gesto de carinho e autenticidade. “Nuna” é o apelido de infância de Manu Fair, vocalista e alma lírica do grupo, dado pela avó quando ela ainda mal conseguia pronunciar o próprio nome, ou seja, foi um "renascimento artístico", porque o antigo nome já não cabia mais; era como usar meia furada em show lotado, desconfortável e fora de época. E como eles mesmos descrevem com uma reverência punk que beira o irônico: afinal, quem mais reverencia influências como Avril Lavigne e Simple Plan enquanto injeta doses de Charlie Brown Jr. e CPM 22? É como se dissessem: "Somos nostálgicos, sim, mas com o intuito de reverência, e um pouquinho de deboche para não levarmos tudo tão a sério".

E aí vem a graça: nos lançamentos recentes, a Nuna mistura punk pop com emo de um jeito que parece uma terapia coletiva disfarçada de festa. Tome "Faz um Favor", de janeiro de 2025, um hino anti-relacionamentos tóxicos onde Manu brada "Faz um favor, vai se foder" com a elegância de quem acabou de ganhar na loteria emocional.

Produzido por Patolla e com Bruno Graveto na bateria, o single é um desabafo visceral sobre livrar-se de bagagens pesadas, completo com um clipe que vai do preto e branco da prisão afetiva para o technicolor da liberdade. Críticos e fãs aplaudiram: "Um grito de autossuficiência", como definiu o portal Vivendo de Shows, enquanto o TMDQA! destacou como a banda discute toxicidade "com versos diretos e cheios de atitude". Ironia? Sim, porque quem diria que um "vai se foder" poderia soar tão empoderador e catártico?

Não para por aí. "Agridoce", o single anterior, explora dualidades da vida com uma sonoridade que ressoa "profunda e emocionalmente", segundo a própria banda, mas sempre com aquele humor sutil de quem sabe que a vida é uma montanha-russa, não um drama shakesperiano. E "Velha Jaqueta", de maio, é o manifesto sobre desapego: largar o que não serve mais, como uma jaqueta velha que te deixa com frio na alma.

Gravado em locações paulistanas simbólicas, o clipe dirigido por Pysi transforma estagnação em recomeço, com a banda flertando com brasilidade em acordes que evocam tradições musicais locais, como revelado em entrevista ao Portal Mais Brasil: "O pop punk para nós é consciente e orgânico". É como se a Nuna estivesse piscando para o ouvinte: "Ei, estamos renovando a cena emo com paixão e muita brasilidade, mas sem forçar a barra, tá?".
De “Velha Jaqueta” a “Agridoce”, passando por “Faz um Favor”, a banda vem desenhando uma trajetória que é, ao mesmo tempo, nostálgica e fresca, o tipo de som que faz você querer pular na cama e escrever no caderno “emo não morreu, ele só virou adulto e paga boletos”.
Essa mistura não é acidental. Como contaram em entrevistas, como a do Manchete Popular, a nostalgia vem com "intuito de reverência" às grandes obras, mas aberta a novos sons. Prova disso são as "Nu Sessions", sessions exclusivas nas redes onde regravam hits dos anos 2000 e clássicos rock: de "Pieces of Me" da Ashlee Simpson, uma celebração do amor imperfeito, a "Natasha" do Capital Inicial e "You Shook Me All Night Long" do AC/DC. Postadas no Instagram, essas versões acústicas intimistas, gravadas na escadaria da casa deles, mostram a banda homenageando ídolos com um toque pessoal, como se dissessem: "Somos rebeldes, mas educados".

Com uma nova fase que inclui abertura para shows como o de Pe Lanza (ex-Restart) e planos para um álbum com Vini Nalon (produtor de Luísa Sonza), a Nuna não para. No Instagram (@nunaoficial), eles celebraram recentemente 10 mil seguidores com um "UHUUUL!" entusiástico, prometendo mais novidades e até uma loja online (@nunastoreoficial).
O single "Outro Lugar" já está disponível em todas as plataformas, incluindo Spotify, onde a banda acumula ouvintes mensais crescentes. Para quem busca música que mistura punk, pop, emo e um humor levemente irônico, sem perder o respeito pelas emoções humanas, a Nuna é o destino certo. Como diz a letra: "Se o que tem hoje você não quer, então só mude de lugar". E quem sabe, com um riff de guitarra no fundo.
Assista o clipe de Outro Lugar:
BANDA NUNA:
Manu (voz)
Celo (guitarra)
Nicko (baixo)
Sully (bateria)
FICHA TÉCNICA:
Direção: Rodrigo Pysi (@rodrigopysi)
Produção Musical: Tadeu Patolla
Composição: Banda Nuna
Mixagem: Tadeu Patolla e Luiz Leme
Master: Tadeu Patolla e Luiz Leme
Assessoria de Imprensa: Musique Press (@musiquepress)
LETRA DE OUTRO LUGAR
Duas vidas diferentes
Que querem se achar
Tem busca que é por movimento,
Tem busca que é pela paz
Largaram tudo no caminho
Destino é feito pra alterar
Se o que tem hoje você não quer
Então só mude de lugar
Ela não quis deixar pra trás
Mas esperar não dava mais
A chave estava na porta
Pra vida te levar
Pra ele acabou o gás
Ser feliz não é ser capaz
A vida só piora
Pra quem não quer se entregar
Sempre foi tão ativa
E a paz não te preenche
Ele ficou à deriva
Um sóbrio inconsciente
Duas vidas diferentes
Que querem se achar
Tem busca que é por movimento,
Tem busca que é pela paz
Largaram tudo no caminho
Destino é feito pra alterar
Se o que tem hoje você não quer
Então só mude de lugar
Ela deixou tudo pra trás
Pra viver algo a mais
Ler nas linhas tortas
Como se atirar
Mas essa escolha que se faz
Trocar pra sempre e nunca mais
É pra quem se importa
Com o que o resto vai achar
Sempre foi tão ativa
E a paz não te preenche
Ele ficou à deriva
Um sóbrio inconsciente
Ohhhh
Ohhhh
Duas vidas diferentes
Que querem se achar
Tem busca que é por movimento,
Tem busca que é pela paz
Largaram tudo no caminho
Destino é feito pra alterar
Se o que tem hoje você não quer
Então só mude de lugar
Aaaaah
Duas vidas diferentes
Que querem se achar
Tem busca que é por movimento,
E tem busca pela paz
Largaram tudo no caminho
Destino é feito pra alterar
Se o que tem hoje você não quer
Então só mude de lugar
Cada escolha
É uma história
Dizer não também
Vira memória
A estrada
Que diz a hora
De uma nova folha
E nova vitória

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