Raiane Castro em Dissonância: entrevista exclusiva
- Clara Mello

- 14 de set.
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Atualizado: 19 de set.
Por Clara Mello, 14/09/2025 às 08:00

Em uma entrevista exclusiva à Revista Dissonância, a cantora e compositora brasiliense Raiane Castro abre as portas de sua jornada artística e espiritual, compartilhando os bastidores de seu mais recente single, "Tão Simples". Com uma carreira marcada pela autenticidade e pela busca por leveza, Raiane revela como sua música se tornou um canal para mensagens de paz, amor e autoconhecimento, inspiradas por um chamado espiritual em 2024. Nesta conversa, ela fala sobre o processo criativo de suas canções, o uso do asalato, sua relação verdadeira com as redes sociais e os desafios de ser uma artista independente, oferecendo um olhar íntimo sobre sua missão de tornar a vida mais serena por meio da arte.
Dissonância: Seu single “Eleva” foi lançado em janeiro de 2025. Qual foi o processo criativo por trás dessa canção e o que ela representa para você hoje?

Raiane Castro: Eleva foi uma das canções que eu recebi, vamos dizer assim, em inspiração no ano passado, no ano de 2024. E foi a canção que eu escolhi para ser a primeira a ser lançada porque eu acredito que ela tem muito a cara do meu projeto musical que é um projeto que, além de ter a intenção de levar música boa, gostosa de se ouvir, que é bem-feita. Também tem a intenção de colaborar para que as pessoas consigam levar um dia a dia mais leve, mais tranquilo, mais sereno. Inclusive eu me incluo nessa lista de pessoas que se beneficiam dessas mensagens, dessas canções. Inclusive eu sempre falo que todas as canções que eu faço, na verdade, elas vêm por mim, elas não vêm de mim. Sempre essas mensagens vêm para mim e Eleva, essa canção que eu acredito que apresenta bem esse trabalho que é um trabalho voltado para isso, para as boas energias, para vibrações positivas, pra gente se conectar com sentimentos mais elevados. Para o nosso dia a dia, para nossa vida de uma forma geral. E é isso, no ano passado eu recebi uma espécie de convite ou chamado espiritual e resolvi atender e compor essas canções. Então em compus cinco canções e a elas eu juntei outras três. E com isso estou fazendo esses lançamentos. Por enquanto lancei duas – “Eleva” e “Tão Simples”. Então ainda faltam seis canções desse projeto que é um projeto que tem a conexão com o amor, com as boas energias, boas vibrações, com autoconhecimento e com a espiritualidade.
Dissonância: Qual foi o contexto da sua vida que te inspirou a compor "Tão Simples"?

Raiane Castro: “Tão Simples” foi criada nesse contexto de canções que eu recebi como inspiração, atendendo a esse chamado que eu tive no ano passado. E a peculiaridade de Tão Simples é que ela foi a primeira dessas canções que eu compus. Eu estava, assim, me colocando à disposição para receber uma intuição, uma inspiração para ser um canal de uma boa mensagem e eu pensava, ‘mas quem sou eu para receber esse tipo de mensagem? Será que eu estou realmente à altura? Será que eu estou realmente capacitada? Será que isso é pra mim?’ Então havia muitas questões que me sondavam naquele momento e chegou essa mensagem, faça o simples. O simples é o melhor, o melhor caminho para tudo na vida. A simplicidade é o melhor caminho para tudo na vida. O amor é simples. Então esse foi o contexto de “Tão Simples”. Ela veio como uma canção que iria nortear esse trabalho, um trabalho voltado para a simplicidade. Porque o amor é muito simples, é a questão da conexão espiritual. É uma questão simples, é algo que permeia nossas vidas desde que nos entendemos como seres humanos. Esse contato, essa busca pelo lado espiritual e, nesse sentido, “Tão Simples” veio nortear o trabalho para que tudo fosse feito com simplicidade e amor.
Dissonância: A presença nas redes sociais é bastante pessoal. Como você equilibra sua vida íntima com sua carreira artística nas plataformas como Instagram?

Raiane Castro: Na verdade, eu nem tenho tanto tempo disponível para conseguir alimentar de uma forma tão constante as minhas redes sociais. Então, eu priorizo colocar algumas coisas que me fazem bem, que eu gosto: o contato com a natureza, alguma atividade física, e o contato com as pessoas que eu amo. Então é basicamente isso. Mas eu sempre prezo pela verdade nos meus posts e nos meus stories. Enfim, na minha comunicação através das redes eu prezo muito pela verdade, porque hoje a gente vê muita coisa muito produzida, muita felicidade. É fantasiosa. Eu acho que esse não é o melhor caminho ou, pelo menos, não é o caminho que eu quero adotar e tenho praticado nas minhas vivências nas redes. Então, eu realmente gosto de incentivar as pessoas a procurarem caminho de conexão consigo mesmas, com a natureza, com a vida, com o amor, com a leveza, com a serenidade, porque isso é algo em que eu acredito e é o que eu busco fazer na minha vida. Então, por isso é tão verdadeiro porque eu faço. Eu já cheguei lá? Não! Com certeza, não (risos). Então é um caminho, um processo que é o meu processo, e eu compartilho o meu processo com as pessoas. O meu processo de autoconhecimento, de conexão com a espiritualidade, de conexão com a vida em si. A vida física, a vida espiritual, a vida que pulsa nessa energia que nos movimenta na direção daquilo que nos realizada, que nos traz felicidade.
Dissonância: Por que você escolheu tocar esse instrumento de percussão, o asalato? Você treina muito? Existe alguma tipo de ritual (ou algo especial) que vc utiliza para compor e tocar com asalato?

Raiane Castro: O asalato foi um instrumento que eu vi no Instagram. Não conhecia e eu vi a Mari Merenda tocando esse instrumento e eu fiquei apaixonada. Pensei: ‘meu Deus que coisa incrível, não deve ser tão difícil, vou comprar’. Encomendei um asalato pela internet e antes de ele chegar, curiosamente, a Mari Merenda lançou um curso online e eu decidi fazer esse curso. Me inscrevi. Quando o asalato chegou eu peguei, lembro que tentei brincar e vim tirar algum som e era bem difícil (risos), não era nada fácil como eu havia imaginado. Então, foi bem desafiador imaginar como seria tocar aquilo ali. Só que quando eu comecei a fazer as aulas eu percebi que eu tinha facilidade. Em menos de um ano, com seis meses, eu já tocava. Com um ano eu já tocava razoavelmente bem. Então eu fui adaptando algumas das músicas que eu já tinha para esse instrumento. Ele é um instrumento de origem africana, mas que se comunica muito bem com os ritmos brasileiros. O xote, o forró, o axé, o afoxé, o baião. Enfim, ele é um instrumento muito versátil para os nossos ritmos. Foi assim que eu fui acrescentando o asalato às minhas músicas. Mas eu confesso que não tenho nenhum ritual específico para ele. É apenas um instrumento que me despertou muito interesse e que me dá muito prazer em tocar. Aqui em Brasília, onde eu moro, eu estudo no Clube do Choro. Eu toco chorinho com o asalato, eu toco samba. É um instrumento extremamente versátil que me permite sempre participar de qualquer roda de música. É um instrumento leve, fácil de ser carregado. Se eu não estiver com o violão, ele é o instrumento de acompanhamento percussivo maravilhoso. E agrada a noventa e nove porcento das pessoas. Tanto é que os meus vídeos com asalato são os mais visualizados que eu tenho até hoje.
Dissonância: Você é uma pessoa que transmite boas energias, mas o que tira você do sério?

Raiane Castro: Algumas coisas são bem desafiadoras para mim. Eu vou dividir essas coisas em dois grupos: coisas do dia a dia e coisas mais ligadas à filosofia, questões mais filosóficas da vida. Coisas do dia a dia que, às vezes, me tiram do sério e são coisas contra as quais eu luto diariamente para superar, enfim: atraso. Eu me atrasar vai me tirando do sério; pessoas que não tem compromisso com as coisas, falam uma coisa mais não cumprem com aquilo ali, não se comprometem com aquilo; ou não se comprometem também com a qualidade daquilo que estão fazendo, que estão entregando. Dependendo da situação, essas coisas me chateiam. Vou colocar nessa categoria de chateações. Vou ficando chateada. São trabalhos internos que eu preciso realizar para chegar no nível de compreensão, de empatia, que é o eu busco fazer em tudo na minha vida.
Agora com relação às questões mais filosóficas, tem algumas coisas me tiram bastante do sério, como por exemplo, maltrato a animais, a crianças, a idosos, a seres que são mais indefesos, mais frágeis. Isso realmente é bem complicado para mim. Tanto é que eu virei vegana por amor mesmo aos animais. Eu não consigo olhar para um animal e pensar que ele pode ser uma comida.
Essa coisa da violência é algo que também me tira do sério, mas que também é um ponto de trabalho interno porque, pense: se a violência me tira do sério, o que é sair do sério, senão também adotar um comportamento de violência. Então existe um paradoxo que precisa ser trabalhado internamente, dentro de mim. Eu busco fazer essas reflexões no meu dia a dia.
A injustiça também é uma coisa que me chateia bastante. E a desigualdade, isso é uma coisa que, às vezes, me faz chorar. Perceber como as pessoas ainda vivem numa situação desamparo, de falta de oportunidades, de julgamentos equivocados, enfim, isso é algo que me deixa bem pensativa, reflexiva. Não diria que me tire exatamente do sério, mas é algo me traz reflexões profundas e por vezes ainda tristes por perceber que é uma questão tão extensa em termos de território, em termos de quantidade de pessoas atingidas e em termos de duração. Porque a gente não sabe se um dia isso vai conseguir ser superado, embora eu acredite nisso, torça por isso e tenha também essa diretriz no meu trabalho, de trazer luz para os nossos corações para que a gente construa um mundo melhor para todos e não apenas para os nossos e não apenas para nós, mas um mundo melhor para todos. Um mundo de mais amor, um mundo de mais oportunidades de mais felicidade e de paz essencialmente para todos.
Dissonância: Como tem sido essa jornada de Artista Independente?

Raiane Castro: Olha, é uma jornada que não é exatamente fácil. Eu não vivo da música, pelo menos ainda, não sei se um dia vou viver (risos). Entrei para esse ramo, mas no sentido de divulgar essas mensagens, nas quais eu acredito. Então foi assim que eu comecei, com esse intuito de levar essas canções inspiradas. Essas canções que vieram por uma intuição muito forte, uma veia muito espiritual, que tem essas mensagens de paz para o mundo, para nós, para os nossos corações. De amor, de mais perdão, de conexão espiritual, de autoconhecimento. Então, meu propósito era divulgar essas músicas e tentar fazer com que essas mensagens tornassem a vida das pessoas um pouco mais leve, bonita, mais empática. Então esse era o objetivo inicial, e a coisa foi crescendo, foi tomando mais forma. Eu consegui participar de alguns eventos bem importantes, como foi o Divino Festival que aconteceu aqui em Brasília, que é um evento totalmente alinhado com as coisas em que eu acredito, com a proposta do meu trabalho. Participei de um show num retiro espiritual também esse ano. É difícil essa vida de artista independente, ela é bem desafiadora, porque a gente tem muitas coisas com as quais lidar. O artista independente, ele não faz só música, ele não vai lá, grava a música e pronto vai pro show. Não! Ele precisa cuidar das redes, ele precisa preparar material das redes, conteúdo. Então ele precisa saber um pouco disso. Ele precisa fazer os lançamentos das músicas. Ele precisa ter um domínio mínimo de como funcionam as plataformas de áudio, de como sua música vai entrar ali, para onde que ela vai. Então você vai monitorando isso e tentando entregar essa música para o maior número que estejam buscando por essa mensagem. Você precisa dominar muitos conhecimentos, além dos conhecimentos musicais. As oportunidades ainda são muito, muito, muito limitadas, é preciso correr bastante atrás para que as coisas comecem a funcionar. Hoje em dia com essas plataformas de música, como o Spotify e outras, quando a gente entende o mecanismo de funcionamento dessas plataformas, a gente percebe por que é tão difícil para o artista independente conseguir um espaço, conseguir algum destaque nesse meio. Então, é isso. É muito desafiador, e a gente faz porque acredita mesmo na causa, no propósito. É uma relação de amor com a arte, com a música, com a mensagem. Porque se for – eu estou falando no meu caso –, só pelo lado financeiro, não é algo que seja compensatório. Tanto é assim que eu não vivo música, não trabalho só com isso.


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