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Anderson Almeida em dissonância: entrevista exclusiva

Por Tião Folk, 01/11/2025 às 08:30


Em entrevista exclusiva ao Tião Folk da Revista Dissonância, Anderson Almeida abre o coração sobre o lançamento de “Podicê”, a primeira faixa de seu aguardado EP solo Nada Separa A Gente. Com raízes nordestinas e mais de 20 anos de estrada, o cantor mineiro fala da emoção de soltar sua obra autoral ao mundo, da ansiedade pelo veredicto do público e da parceria transformadora com o lendário Michael Sullivan, que escreveu o refrão que cura. Entre shows em barzinhos, festivais e o 4º lugar no Festival de Música Caipira de Santana de Parnaíba, Anderson revela como o folk brasileiro se tornou sua verdade e como a música é missão, troca e legado para os filhos.


Dissonância: Que mensagem você quer passar com a música Podicê?


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A MensagemAnderson Almeida

Anderson Almeida: Não é novidade, a gente acompanhando, cada vez mais depressão, cada vez mais ansiedade, as coisas de hoje estão cada vez mais fast, mais rápido, mais ligeiro, mais para agora, mais para ontem. E daí o tempo está perdendo seu preciosíssimo valor e música no refrão dela, durante as estrofes, o sujeito passa por inúmeros conflitos, ele está passando por um problema grande de dúvida, e o refrão vem trazer exatamente isso, vem trazer exatamente essa mensagem de que o senhor do tempo vai trazer a resolutiva do problema. Esse refrão foi escrito pelo Sullivan, pelo Mestre Sullivan – tamanha é a sabedoria daquele homem. Ele deixou bem assim, eu trouxe o problema das estrofes, eu que gerei o problema todo, ele foi lá e resolveu, até com a experiência de vida dele hoje. Ele resolveu da maneira que o tempo é quem tem o poder de curar esses problemas todos. E no mundo real é isso mesmo, né? Acho que o tempo é um remédio preciosíssimo.

 

Dissonância: Quando e como você começou a carreira?


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O ComeçoAnderson Almeida

Anderson Almeida: Eu comecei na música com 16 anos de idade. Com 16 anos de idade eu já estava tocando, na verdade. Eu já tocava por aí, bem menino, bem novinho, mas eu já tocava. Acompanhava alguns artistas, alguns cantores, num cenário bem regionalzinho, eu chamo de bairrista, aqueles cantores ali da região, do Rio de janeiro. Comecei estudando guitarra, daí eu migrei para o violão, no Rio de Janeiro ainda, na escola de música Villa Lobos. E a história é quando eu me encontrei com esse instrumento foi paixão à primeira vista; eu não consigo me separar. Viagem de férias eu tenho que levar o violão. Eu vou para a casa da minha mãe no Rio de Janeiro eu tenho que ter um violão lá. Vou para a casa das minhas irmãs, eu tenho que achar um violão e aonde eu chego se e eu vir um violão, minha esposa já briga comigo, porque eu já vou agarrar ele. E é isso, eu tive muita alegria na música, muita alegria, fiz muita amizade, fiz muito trabalho bacana. Sou muito grato a Deus, a música.

 

Dissonância: Você tocava um estilo e mudou o norte, por quê?


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A MudançaAnderson Almeida

Anderson Almeida: Esse ano de 2025 está sendo um ano de reviravolta tremenda, porque eu como raízes nordestinas, eu sempre fui influenciado pelo maracatu, pelo xaxado, pelo xote, pelo coco, pelo baião e isso sempre correu muito forte na minha veia. Eu ficava botando isso nas minhas músicas de uma maneira bem evidente. E esse ano eu fui gravar algumas coisas, comecei a compor algumas coisas e decidi que eu precisava ser mais autêntico, precisava ser mais verdadeiro, até com aquilo tudo que eu já fiz e o Folk é uma paixão também muito grande, até porque, por culpa do violão. O violão, o estudo do violão, me levou para o cenário folk, sem chance de volta. E eu decidi que eu poderia misturar as minhas essências de tambores brasileiros, africanos, com a história do Nordeste, eu poderia misturar isso com o folk. E soa, hoje realmente soa, bem brasileiro, embora folk, embora pop, embora querendo ter um cheiro de blues, mas cheira bem brasileiro. Isso é uma coisa que eu consegui deixar bem transparente na musicalidade. Sou bem realizado também de ter conseguido colocar minha verdade do folk e mudar o meu estilo drasticamente, porque quando você vai lá e ouve a música que eu fazia antes e a música que eu faço hoje, são bem diferentes. Mas, com um ouvido um pouco mais profissional, você entende que as células estão misturadas.

 

Dissonância: Que aprendizados você leva da sua carreira até aqui?


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AprendizadosAnderson Almeida

Anderson Almeida: A música me ensinou que nós estamos aqui por missão e essa missão precisa ser cumprida. Nós não conseguimos chegar em lugar nenhum e ir embora da maneira que nós chegamos, e isso eu acho lindo, acho fenomenal. Principalmente pelo prazer que a gente tem de trabalhar com arte e de chegar num meio onde tem artista para poder tocar e aí a gente acaba fazendo um networking, conversando, aquelas conversas de camarim, aquelas conversas de backstage, e como eu acho fascinante a oportunidade das conversas e de se engrandecendo como que o outro tem para comentar, para falar e o quanto que a gente consegue também deixar ali para o outro e isso eu fui tendo essa sensibilidade e percebendo que vida é isso mesmo, é feita de troca. Eu acho isso lindo demais.

 

Dissonância: Como foi a parceria com o Michael Sulivan?


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A ParceriaAnderson Almeida

Anderson Almeida: Eu sou extremamente apaixonado pela música brasileira, eu sou encantado pela música brasileira. O meu trabalho é envolto da seguinte ideia: eu pego canções que foram sucesso no Brasil ou que são sucesso no Brasil, mas a grande maioria é que foram sucesso no Brasil, eu pego canções mais antigas e levo isso para dentro do estúdio e crio as minhas versões, com bastante folk, com bastante violão. Aí eu já começo a jogar o arranjo da banda em cima, as guitarras,  o baixo e meus músicos vão me ajudando, criando aquilo e aí a gente vai criando essas versões e a gente acaba inflamando a atemporalidade dessas músicas. Elas vão ficando contemporâneas com uma pegada mais moderna e se engrandecendo cada vez mais, meu objetivo é esse. E aí eu conversando com o Serginho que é meu empresário, ele falou: 'Anderson, para o projeto eu acho que você deveria fazer um feat com um cantor fera demais. Mas que tinha que ser um cara de verdade, que você goste dele de verdade'. Eu falei, 'Sullivan!' O cara que eu sou mais apaixonado na ideia, no modo de compor, na perfeição que ele cria as melodias e o Massada entra com as letras de forma perfeita. Nossa! Eu sou louco por isso. Aí ele falou ‘cara, eu conheço ele’, eu falei, ‘ah! Você tá zoando Serginho!’. Ele falou, ‘eu conheço ele, vou ligar para ele, vou trocar uma ideia’. Passaram-se quatro dias, eu estava dentro da sala da casa do Sullivan com meu violão, com o violão dele, porque a ideia do meu empresário era que eu fizesse uma versão de ‘Um Dia de Domingo’ e o Sullivan fizesse um feat comigo. Aí eu fui lá, ele falou ‘cara, toca aí pra eu ver você tocar Um Dia de Domingo, como você faz essa versão’. Eu toquei a versão, ele olhou para minha cara e falou assim: ‘você tem  música?’, eu falei, ‘tenho!’. Ele: ‘toca uma música sua’. Aí eu toquei uma música minha, aí ele falou, ‘toca outra, você tem mais?’. Eu falei ‘tenho!’. Toquei mais uma música minha. Toquei um bocado de música minha. Eu sei que no final ele falou assim: ‘olha só, não vamos fazer um feat, não vamos fazer um single, não. Nós vamos fazer um EP, vamos produzir um EP com essas músicas suas. Essas músicas são boas, elas só não têm refrão, mas eu vou fazer o refrão para você, vou te ajudar a fazer o refrão. E nós vamos lançar um EP, porque seu trabalho é bonito, eu gostei do seu trabalho, e a minha proposta é essa’. Aí eu fiquei embabacado, né? Fiquei todo emocionado. E assim começou a ideia do Sullivan e toda a semana eu recebo um áudio dele: ‘como é que você tá? Tá tudo bem com você? As crianças estão bem? Deus abençoe você!’. Aí, de vez em quando ele me faz chorar: ‘ó! Você pra mim é um filho, cara! Você pra mim é um filho que eu não tive. Eu tenho filho da sua idade, eu tenho filho mais velho que você, mas você, pra mim, é um filho.’ Aí eu fico todo emocionado, fico todo embabacado. É assim que surgiu a ideia, a parceria com o Sullivan.

 

Dissonância: O que podemos esperar para o futuro na sua obra?


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O FuturoAnderson Almeida

Anderson Almeida: Tá vindo muita coisa bacana, muita coisa bacana. Vamos lançar o primeiro EP. O título do CD é ‘Nada Separa A Gente’ e tá vindo muita coisa bacana. 2026 estou preparando um álbum em que eu vou homenagear a todos os músicos que me influenciaram a hoje ser músico. Eu venho criando a minha discografia, eu estou fazendo a minha discografia para os meus filhos, sacou? Então, o meu primeiro disco, eu estou gravando esse meu primeiro EP para eles saberem que eu fui, eles contarem quem eu fui. As músicas, é assim, é uma música para a minha esposa, uma música para um filho, uma música para outro filho, uma música para o meu pai. O primeiro EP, ele é de história mesmo. E o segundo EP, eu vou fazer uma homenagem para todos os músicos que me influenciaram a hoje ser um profissional da música. Eu ou cantar canção de Henrique Bonna. Eu vou cantar canção de Ben-Hur Orgélio. Eu vou cantar canções de Arnóbio Nóbrega que é meu padrinho. Eu vou cantar canções de diversas pessoas que me influenciaram a hoje ter essa carreira, em início, mas ter essa carreira profissional.


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