Baleia Azul: Um show de estreia 100% autoral com casa cheia, sim eles fizeram

Por Tião Folk, 01/10/2025 às 09:30

Há bandas que chegam de mansinho, aquecendo o público com um cover aqui e outro ali. E há a Baleia Azul, de Itu, que chegou com o pé na porta, um sorriso irreverente no rosto e um desafio de alto risco na bagagem: fazer o show de estreia com 100% de repertório autoral para uma casa lotada. Missão impossível? Que nada! Se tem algo que o casal roqueiro Xitos e Tety provou é que, na vida e no palco, "quando colocamos uma coisa na cabeça, a gente não sossega enquanto não realiza."

Agora imagine isso: um casal de veganos que se conheceu servindo mesas em um restaurante, com um bebê nos braços, decide largar tudo para virar rockstars. Soa como roteiro de comédia romântica indie? Pois é exatamente a vibe da Baleia Azul, a dupla formada por Xitos Marx e Tety Caires, que está virando o jogo no rock independente brasileiro com uma mistura de irreverência, baixo virtuoso e letras que cutucam a alma, tudo isso sem nunca terem pisado em um palco antes. E o melhor? Eles se desafiaram a fazer um show de estreia 100% autoral, lotar a casa e fazer o público cantar junto. Spoiler: conseguiram, e com sobras!

Xitos e Tety. 2023

Tudo começou em dezembro de 2023, quando Xitos e Tety criaram o Instagram da banda e começaram a compartilhar trechos de músicas e pedaços da vida real. "Começou comigo aos 12 anos quando eu comecei a aprender os primeiros instrumentos e comecei a compor e foi tomando forma aos poucos esse projeto. Em 2014 eu dei o nome de Baleia Azul, em 2018 eu conheci a Tety", conta Xitos em entrevista exclusiva à Revista Dissonância. Eles se encontraram em um freelance de garçom em um restaurante vegano em Itu. "A gente se conheceu, mais ou menos, em 2018 ou 2019, trabalhando... Já rolou uma identidade de cara", completa ele, com aquele tom de quem ainda ri da sorte.

Mas o verdadeiro autodesafio veio com o show de estreia em junho de 2025. Sem experiência prévia – Tety só tinha cantado em karaokê, e Xitos compunha sozinho há 20 anos –, eles botaram na cabeça que não fariam covers, não chamariam convidados famosos e não aceitariam meia casa.

"Quando colocamos uma coisa na cabeça a gente não sossega enquanto não realiza! Botamos na cabeça que faríamos um show de estreia para uma casa cheia, com repertório 100% autoral e que geral vibraria e cantaria conosco. Fomos lá e fizemos! Vocês fizeram!"

Postaram eles no Instagram após o evento, agradecendo desde a vó Irami (que garantiu o almoço do dia) até os músicos de apoio que aprenderam o set inédito sem ensaios decentes. Foi uma parceria com a banda local Atrás do Céu, celebrando os 45 anos deles – uma "passagem de bastão" simbólica, como Xitos descreve, pois seu pai fez parte da história dessa banda pioneira do rock autoral na cidade. O público, misturando a velha guarda e os novos fãs da Baleia Azul, fez o que a banda pediu: vibrou e cantou junto, garantindo que o plano ousado se concretizasse.

"O show de estreia foi absolutamente positivo, saiu tudo como o planejado... Casa lotada. Foi exatamente como a gente planejou. A gente planejou cada um desses pontos e com muita luta ali, a gente foi correndo atrás e deu tudo muito certo", revela na Dissonância.

E o que rolou no palco? Um setlist puro Baleia Azul, com linhas de baixo inspiradas no Rush (Xitos é fã confesso do virtuosismo), letras irreverentes à la Rita Lee e Titãs, e a voz de Tety trazendo um toque de humor e profundidade. O público? Cantando junto, vibrando, como se a banda já tivesse décadas de estrada. "A galera cantando todas as nossas músicas, foi muito legal!", disseram eles ao Musikorama, em uma entrevista que viralizou nas redes. Ah, e não esqueçamos o humor: no Instagram, eles brincam que o segredo para dar conta de banda, casamento e paternidade é... não dar conta! "Somos um casal e uma banda com um sonho gigante! Venha fazer parte disso com a gente!", convidam em um reel fofo, onde posam como super-heróis do rock caseiro.

No centro dessa loucura toda está o "EP do Sofá", lançado no mesmo fim de semana do show. Gravado de forma independente no Teochi Studio, o disco mistura rock progressivo com toques nacionais, e faixas como "Lembrança", com letras sobre o tempo voando e não deixar para depois, refletem a luta pessoal do casal contra depressão e ansiedade. "Cada composição que vem a tona é o resultado de uma caminhada de autoconhecimento que envolve mexer em feridas... Baleia Azul para nós é um símbolo de luta contra a depressão", postaram eles, transformando dor em arte com um sorriso no rosto. E eles não param por aí: pretendem continuar divulgando o EP com clipes alternativos, versões acústicas e até uma edição especial em CD como brinde para fãs. "Daqui pro final do ano, a gente vai continuar promovendo nosso atual trabalho, que é o ‘EP do Sofá’, então tem vídeo clipe pra sair", adianta Xitos na Dissonância.

Inspirador, né? Em um mundo onde bandas independentes lutam por visibilidade, a Baleia Azul prova que com clareza, foco e um pouquinho de teimosia bem-humorada, dá para lotar casas sem hits prontos. Como Tety diz: "Foco é essencial: quando você divide sua atenção entre vários projetos, nenhum avança de verdade". Eles até concorreram ao Festival Estrela Musixe em julho de 2025, chegando à semifinal entre 600 inscritos, representando o rock autoral ituano. "Se você quer viver de música, tem que tratar a banda como um trabalho. Senão vira hobby, e um hobby caro", aconselham no Musikorama.

Com planos para um álbum cheio em 2026 – incluindo um single com o baixista Júnior Groovador em dezembro: "Ter o Júnior, além de toda a irreverência dele, vai ser muito bom nesse sentido também, porque ele também, pra nós, ele é um dos maiores baixistas do país," celebrou Xitos.

O casal roqueiro segue nadando contra a corrente, inspirando quem sonha em meter a cara. Como Xitos resume: "As pessoas esperam um momento propício... só que esse momento não existe. É o agora. Mete a cara e vai!".

A Baleia Azul é, na essência, a história de Xitos e Tety. Nascidos e criados em Itu, o casal se encontrou em 2018/2019 de uma forma pouco ortodoxa para o mundo do rock: fazendo um freelance de garçom em um restaurante vegano da cidade.

“A gente se conheceu [...] trabalhando, fazendo um freelance de garçom em um restaurante,” relembrou Xitos à Revista Dissonância. "Era um restaurante que tinha aqui em Itu, um restaurante vegano e nós somos veganos já há muito tempo. Então já rolou essa identificação. A pessoa também é vegana, também gosta de música. Começamos a trocar uma ideia ali, e daí é história."

Mas se enganou quem achou que a chegada do herdeiro, o filho do casal, colocaria o rock em modo soneca. Na verdade, a paternidade/maternidade virou combustível. Xitos conta que, mesmo com pessoas próximas desestimulando, eles fizeram do obstáculo o caminho. "Ter um filho tem nos ensinado demais a respeito quem a gente quer ser para o nosso filho e queremos ser pessoas inspiradoras para ele; e nos ensinou muito sobre a gestão de tempo, o quanto a gente tem que valorizar nosso tempo."

De Itu para o Brasil, a Baleia Azul mostra que sonhar grande não é só papo de músico iniciante. É um projeto de vida, daqueles que já nasceram com fôlego de oceano. Se depender dessa dupla, a Baleia Azul não só vai sobreviver no oceano do rock brasileiro, vai dominá-lo, com risadas e riffs inesquecíveis. Siga no Instagram (@bandabaleiaazul), ouça no Spotify e prepare-se: o próximo capítulo promete ser épico.

Conheça a página bio-discográfica da banda Baleia Azul. Clique aqui.

Ouça a entrevista completa de Xitos e Tety.