Baleia Azul em Dissonância: entrevista exclusiva
- Tião Folk
- 1 de out.
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Por Tião Folk, 01/10/2025 às 09:20

Na entrevista exclusiva concedida à Revista Dissonância, a Baleia Azul, banda independente de Itu (SP), abriu o coração sobre sua trajetória, os desafios de apostar em um show de estreia totalmente autoral e o processo criativo que deu origem ao “EP do Sofá”. Entre risadas, histórias de bastidores e reflexões sobre música, família e resistência, Xitos e Tety revelaram como transformaram sonhos ousados em realidade e por que acreditam que estão inaugurando um novo capítulo para o rock brasileiro.
Dissonância: Como a banda começou?

Xitos: Começou comigo aos 12 anos quando eu comecei a aprender os primeiros instrumentos e comecei a compor e foi tomando forma aos poucos esse projeto. Em 2014 eu dei o nome de Baleia Azul, em 2018 eu conheci a Tety. Eu vi que ela cantava, tocava. Ela viu que eu compunha algumas, então rolou essa identificação. A gente começou a trabalhar juntos, porém veio a pandemia e a gestação, a gente tem um filho hoje. Então, a gente decidiu deixar para um outro momento, que foi em dezembro de 2023, foi quando a gente criou um Instagram pra banda. Aí, sim, Baleia Azul passou a ter esse formato que as pessoas conhecem hoje. A gente fez as primeiras publicações, compartilhamos trechos de músicas que a gente vinha compondo e começamos ali a cultivar esse nosso público.
Dissonância: De onde vocês são e como se encontraram?

Xitos: Nós somos de Itu, nascidos e criados aqui em Itu, no interior de São Paulo. A gente se conheceu, mais ou menos, em 2018 ou 2019, trabalhando, fazendo um freelance de garçom em um restaurante. Aí já rolou uma identidade de cara. Era um restaurante que tinha aqui em Itu, um restaurante vegano e nós somos veganos já há muito tempo. Então já rolou essa identificação. A pessoa também é vegana, também gosta de música. Começamos a trocar uma ideia ali, e daí é história.
Dissonância: Como cada integrante contribui para o processo criativo?

Tety: A composição, pra mim, que eu conheço hoje, ela é muito recente. Eu sempre tive uma intuição musical, artística, eu criava muita coisa: dança, expressões, performances, letras de música mesmo, notas, melodias. Mas nunca eu anotava, não valorizava o que eu criava, não tinha o olhar que eu tenho hoje para o que eu crio. Fui começar a desenvolver isso, por volta de 2019 e 2019, mais 2019 quando a gente começou a mexer mais com música que eu comecei a desenvolver esses potenciais e foi quando eu criei ‘Contida’, que hoje tá no EP do Sofá. Eu fiz a letra, a melodia e também fiz a parte de violão e o Xitos veio me ajudando com a composição de arranjos. Então é bem recente, mas eu tô gostando muito. Hoje na Balei Azul, além da ‘Contida’, que eu contribuí, contribuo também em todas as etapas do processo de produção de uma música, desde a parte mais criativa, até a parte de gravação. Então, eu dou sugestões de linhas melódicas, ajudo a lapidar as letras e dou minhas opiniões também, uma coisa ali, uma coisa aqui (risos).

Xitos: Como eu tenho 20 anos de experiência compondo, porém, sem estar numa banda, eu acabei desenvolvendo um processo criativo bem pessoal, no qual eu coloco de maneira bem completa cada nota, de cada instrumento, já na partitura e, muitas vezes, já com a letra bem desenvolvida. Eu trago esse material mais bruto para que, junto com a Tety, a gente possa tomar algumas decisões de direcionamento do arranjo, lapidar juntos a música ou a letra. Posteriormente, a gente traz pro estúdio, para daí numa terceira etapa a gente lapidar isso junto com o Márcio Teochi, nosso parceiro aqui do Teochi Studio e daí sim preparar para a gravação.
Dissonância: Uma história que marcou a banda?

Xitos: Acho que a história mais marcante da banda é o próprio início da banda, porque foi no momento mais adverso que a gente teve, que foi quando nos tornamos pai e mãe, então foi momento em que pessoas próximas nos desestimularam, dizendo assim: ‘putz! Agora que vocês não vão poder se dedicar à música mesmo, porque vocês têm um filho. Mas por mais que a gente tenha acreditado um pouco nisso de início, a gente percebeu que ter um filho tem nos ensinado demais a respeito quem a gente quer ser para o nosso filho e queremos ser pessoas inspiradoras para ele; e nos ensinou muito sobre a gestão de tempo, o quanto a gente tem que valorizar nosso tempo. Então decidimos que, aquela situação em que muitas pessoas podem entender como um obstáculo, foi na verdade um caminho pra gente chegar onde a gente quer chegar e nos tornarmos a pessoa que a gente quer se tornar.
Dissonância: Como foi o show de estreia?

Xitos: O show de estreia foi absolutamente positivo, saiu tudo como o planejado. A gente fez em parceria com uma outra aqui de Itu, que se chama ‘Atrás do Céu’, é a primeira banda de rock autoral aqui da cidade. Eu conheço os caras desde sempre, eles me viram nascer, literalmente. Meu pai fez parte da banda. Então pra nós foi muito simbólico, foi uma espécie de passagem de bastão mesmo. Porque no nosso show de estreia, foi a nossa estreia – o lançamento oficial do nosso primeiro EP – e aniversário de 45 anos da banda ‘Atrás do Céu’ que há 45 anos faz rock autoral aqui em Itu. Então foi uma noite muito especial, estávamos em família ali, muita gente ali já se conhecia e a gente trouxe um público novo para o Atrás do Céu que eram fãs da Baleia Azul que não conheciam o trabalho deles. Foi muito especial. Todo mundo cantou as nossas músicas juntos. Os caras da banda Atrás do Céu, inclusive. Fizemos a gravação disso, casa lotada. Foi exatamente como a gente planejou. A gente planejou cada um desses pontos e com muita luta ali, a gente foi correndo atrás e deu tudo muito certo.
Dissonância: o que os fãs podem esperar daqui em diante?

Xitos: Daqui pro final do ano, a gente vai continuar promovendo nosso atual trabalho, que é o “EP do Sofá”, então tem vídeo clipe pra sair. E para o ano que vem, já estamos produzindo nosso primeiro álbum que vai ser um trabalho maior e mais completo, cujo primeiro single sai ainda esse ano, em dezembro. Vai ser uma alegria muito grande pra gente porque será nossa primeira parceria com um grande músico brasileiro que é o Júnior Groovador. A gente vem se consolidando como uma banda que valoriza muito as linhas de contrabaixo, a gente sempre traz linhas de contrabaixo que as pessoas dizem que são criativas, são virtuosas. Então, ter o Júnior, além de toda a irreverência dele, vai ser muito bom nesse sentido também, porque ele também, pra nós, ele é um dos maiores baixistas do país. Então a gente está muito ansioso pra isso. Em dezembro vai sair música e videoclipe e vai a estreia, a inauguração de uma nova fase do nosso trabalho.

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